A urdidura do relacionamento entre a Coreia do Norte e a Rússia transcende o escopo dos laços contemporâneos, enraizando-se em uma estirpe de tradições e valores milenares que desafiam as convenções ocidentais. Este é um encontro que retoma o ethos de culturas milenares, cujas fundações remontam a tempos arcanos, muito distantes das nações ocidentais, que, juvenis, encharcadas em ímpetos hormonais, buscam afirmar-se por meio de hegemonias e expansionismos. Ao contrário, a alma do Oriente respira um ethos de honra e lealdade, onde o papel do indivíduo é subordinado a um ideal coletivo. Assim, a Coreia do Norte, embora vista como uma nação isolada, demonstra sua fidelidade ao que considera uma aliança de espírito, enviando seus soldados em nome de uma honra que a Mãe Russa evoca. A essência desse gesto nos remete aos preceitos imemoriais da civilização oriental, para os quais o sacrifício é enobrecido pela causa, muito distinto do mercenarismo ocidental, onde o vil metal é o maior motivador.
As sombras do passado ecoam na atual conjuntura. Tais alianças contemporâneas não deixam de evocar os pactos e tratados que, ao longo da história, moldaram as fronteiras e impuseram novos equilíbrios de poder. O Tratado de Versalhes e o Tratado de Paris surgem como pilares de uma ordem que buscava reconfigurar a face do mundo após os conflitos devastadores. Estes acordos, embora delineados com a retórica da paz, jamais puderam esconder a intenção de dominação e tutela por parte das potências ocidentais, uma prática que se perpetua e hoje se reflete nas movimentações da União Europeia, instigada por um Macron que anseia por projetar influência na Ucrânia. Assim como o Tratado de Versalhes impôs condições leoninas à Alemanha, é irônico ver a França, cujas mãos mancharam-se em tempos coloniais, agora desconfortável com a crescente presença russa na África, fruto do Grupo Vagner, essa entidade que personifica uma revanche histórica, deslocando o centro de gravidade para longe de Paris.
A ironia de tal desconforto, contudo, transcende a mera nostalgia imperialista. Macron, num gesto paradoxal, urge a União Europeia a enviar tropas para a Ucrânia, como se a presença militar pudesse redimir a perda de suas antigas colônias africanas. É curioso observar que, enquanto a França, com seus ecos de grandiosidade imperial, investe recursos na defesa de uma Ucrânia distante, a Coreia do Norte acorre à Rússia não por um capricho expansionista, mas em um gesto que almeja perpetuar laços de solidariedade e honra. A França, cuja história colonial foi marcada por imposições e tutelas, vê-se agora sujeita ao desconforto de uma perda que ela mesma propiciou; seus soldados marcham não pela glória, mas pela reminiscência de uma época já sepultada, enquanto os combatentes norte-coreanos oferecem-se não ao lucro, mas à lealdade.
A mídia ocidental, com seu viés conveniente, contribui para uma narrativa dissonante, onde mercenários de múltiplas nacionalidades são exaltados como defensores da liberdade, quando, na realidade, atuam em prol de seus próprios ganhos financeiros. Estes homens, que vestem uniformes pelo vil metal, são apresentados ao público como campeões de uma causa nobre, embora sua presença no campo de batalha não transcenda a esfera dos interesses pecuniários. A crítica se faz necessária: enquanto o Ocidente glorifica aqueles que lutam por cifrões, os soldados norte-coreanos, com sua fé cega na honra, veem na aliança com a Rússia uma extensão da devoção que o espírito oriental atribui ao conceito de pátria e dever.
O contraste entre essas visões expõe a superficialidade do discurso ocidental, sustentado pela mídia, que alardeia a causa ucraniana sem questionar a motivação dos que ali combatem por simples promessa de lucro. A presença de tropas coreanas ao lado da Rússia manifesta-se, pois, como um tributo de lealdade; enquanto a França segue o caminho das ambições juvenis, repletas de impulsos de hegemonia, a Coreia do Norte se oferece ao Oriente em um gesto quase ritualístico, alinhando-se com a Rússia numa dança de honra e sacrifício que transcende o entendimento do Ocidente, cuja juventude impetuosa ainda carece da maturidade e dos valores profundos que moldaram as culturas ancestrais do Oriente.
Dessa forma, ao contemplarmos a teia geopolítica atual sob o prisma da história e dos acordos que moldaram a ordem global, entendemos que o palco contemporâneo é também uma arena de reencontros atávicos. O Tratado de Versalhes e o Tratado de Paris constituíram-se como pilares de uma ordem que parecia consolidada, mas que hoje, desgastada, expõe a fragilidade de suas fundações. É nesta rachadura que o Oriente, com seu ethos milenar, ressurge, para lembrar ao Ocidente que a maturidade de uma civilização não se mede por seu poderio material, mas pela profundidade de seus valores e pela constância de sua honra.
Sobre o Autor
Dr. Leandro Pinto é advogado sênior na Dr Leandro Pinto Law Firm, especializado em direito internacional, com ênfase em regulamentações bancárias e energéticas. Sua trajetória no campo do direito bancário, aliada ao domínio de algoritmos criptográficos, o posiciona como um dos mais renomados especialistas em negociações financeiras globais. Dr. Leandro é o criador do Encrypted Infinite Point Algorithm (EIPA), uma metodologia revolucionária na construção de tokens e outras tecnologias baseadas em criptografia. Seu trabalho em algoritmos avançados permitiu a otimização de sistemas financeiros e contratos inteligentes, fornecendo soluções inovadoras para o mercado energético e tecnológico.
Sua vasta experiência no mercado financeiro e jurídico internacional confere-lhe uma perspectiva única sobre as implicações geopolíticas e econômicas de inovações no setor energético. Com um histórico de sucesso em transações internacionais, sua expertise garante que clientes estejam sempre na vanguarda das operações globais. Para mais informações, visite www.leandropinto.us.