Como escrevi na semana passada, a Rússia tem um novo projeto de submarino nuclear capaz de transportar gás, mas os planos de submersão vão muito além disso.

A operação militar da Rússia na Ucrânia não é apenas um marco geopolítico; ela redefine o panorama econômico global. Sob a pressão de sanções severas impostas por países ocidentais, a Rússia, com o suporte de economias emergentes, globalizadas e dotadas de novos ativos financeiros, está criando uma nova dinâmica econômica. Enquanto isso, as nações tradicionalmente reconhecidas como do “primeiro mundo” enfrentam desafios profundos e são agora categorizadas como “submergentes”. Os Estados Unidos, que utilizam o dólar como uma arma de guerra para influenciar e dominar outras nações, encontram resistência em um mundo globalizado e dotado de algoritmos. A manipulação da moeda tornou-se quase impossível, resultando na destruição gradual dessa arma financeira. Este artigo analisa como essas sanções, longe de enfraquecer a Rússia, aceleraram o declínio das economias ocidentais.

  1. O Impacto Econômico: Comparativo dos Últimos Trimestres

Os números do último trimestre de 2024 demonstram uma disparidade significativa entre as economias ocidentais e a Rússia e seus aliados emergentes:

Alemanha: O PIB encolheu 0,2%, com previsões de crescimento insignificante de 0,1% para 2024. A inflação está elevada em 6%, exacerbada por custos energéticos altos e uma crise de confiança do consumidor. Empresas como a Siemens estão dispostas a paralisar novos investimentos devido aos exorbitantes custos da energia e às intermináveis regulações políticas que dificultam o planejamento e a operação. A ausência de um ambiente regulatório estável propicia um clima de incerteza que erode a confiança dos investidores, comprometendo a capacidade de inovação e crescimento das empresas.

França: Apresentou uma contração de 0,1%, refletindo tensões políticas internas e elevados custos trabalhistas. Os agricultores franceses estão sendo severamente afetados por regulamentos excessivos que limitam sua capacidade produtiva e expansão, resultando em uma insustentabilidade na produção agrícola. A proliferação de exigências burocráticas tem gerado um fardo oneroso sobre os produtores rurais, dificultando a competitividade e contribuindo para um aumento no custo de vida.

Reino Unido: Enfrentou uma inflação de 6,7%, a mais alta entre as grandes economias europeias. O crescimento do PIB foi praticamente nulo, e a crise de custo de vida, juntamente com os altos juros, está levando a uma recessão prolongada. Os agricultores britânicos, assim como seus colegas europeus, expressam frustração com a carga regulatória que os impede de operar de forma eficaz. Os altos custos de produção, combinados com a incerteza gerada por políticas governamentais voláteis, têm um efeito devastador sobre a segurança alimentar e a capacidade de sustentar a produção agrícola no país.

Países Baixos: Os agricultores enfrentam um cenário desolador, sendo forçados a vender suas terras e comprometer-se a não plantar, em virtude das rigorosas diretrizes ambientais impostas pelo governo. A pressão para reduzir as emissões de nitrogênio levou a uma revolta entre os agricultores, que consideram essas sanções não apenas uma afronta à sua subsistência, mas uma realidade surreal. A política agrícola dos Países Baixos tem sido criticada por desconsiderar as necessidades e as realidades do setor agrícola, resultando em um êxodo de trabalhadores rurais e um declínio na produção agrícola nacional.

Rússia: Surpreendentemente, a Rússia apresentou uma leve recuperação de 0,4% no PIB, beneficiada pelo aumento das exportações de energia para China, Índia e outros mercados emergentes. A inflação russa se estabilizou em 3,6%, sustentada por políticas monetárias rigorosas e um controle eficaz sobre os preços dos alimentos e da energia, que contribuem para uma percepção de estabilidade no mercado interno.

  1. Emergentes em Ascensão: China, o Maior Vencedor

A China se destaca como o maior beneficiário dessa nova ordem econômica. Após uma crise imobiliária severa, o governo chinês implementou medidas fiscais e monetárias que conseguiram estabilizar o setor. O PIB chinês cresceu 4,9% no último trimestre, refletindo um desempenho robusto. A China se consolidou como a principal importadora de petróleo e gás da Rússia, garantindo não apenas seu fornecimento energético, mas também sua resiliência em tempos de crise global. Este contexto revela a capacidade da China de navegar pela adversidade e emergir como um bastião de estabilidade econômica em meio à turbulência global.

  1. O Colapso dos Submergentes

As sanções impostas pelos países ocidentais, ao invés de sufocar a Rússia, revelaram vulnerabilidades internas nessas economias. A Alemanha, dependente do gás russo, enfrenta uma crise energética sem precedentes. O Reino Unido, com a inflação mais alta em décadas, viu sua economia contrair, impactando severamente o consumo e o investimento. O que antes eram potências econômicas agora se encontram atoladas em crises internas, o que justifica o termo “submergentes”. O colapso da confiança no sistema econômico ocidental resulta em um ciclo vicioso de deterioração, onde a incerteza se torna a norma.

  1. Conclusão: O Renascimento da Rússia e a Nova Ordem Global

A operação na Ucrânia foi o ponto de inflexão para a formação de uma nova Rússia, mais resiliente e alinhada com os emergentes. A aposta do Ocidente em sanções econômicas não apenas falhou em derrubar a Rússia, mas também desencadeou uma crise profunda nas economias europeias e anglo-saxônicas. Os emergentes, liderados pela China, estão consolidando uma nova ordem multipolar, enquanto a Rússia se posiciona como um aliado forte dos emergentes, acordando de um mundo ocidental Woke.

O futuro pertencerá àquelas economias que souberem se adaptar às novas realidades geopolíticas. A Rússia, apoiada por seus parceiros emergentes, parece estar na vanguarda dessa transformação.


Sobre o Autor:

Dr. Leandro Pinto é um respeitado advogado, com vasta experiência em direito internacional, especialmente nas áreas de regulamentação bancária, criptoativos e mercados financeiros. Fundador do escritório Dr. Leandro Pinto Law Firm, ele assessora clientes em transações globais complexas e em estruturas regulatórias, posicionando seu escritório como líder na navegação pelos desafios dos ambientes empresariais contemporâneos. O Dr. Pinto é também o criador do Encrypted Infinite Point Algorithm (EIPA), um conceito inovador em algoritmos criptográficos que explora novas possibilidades na tecnologia blockchain. Frequentemente, ele leciona e escreve sobre esses temas, oferecendo percepções sobre a interseção em evolução entre direito e tecnologia. Sua abordagem inovadora em estratégias legais e financeiras lhe rendeu reconhecimento como uma figura chave na modelagem do futuro das finanças globais.

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